Pra quê dedo mindinho no pé?

Eu estava lendo uma coluna de moda, na Carta Capital, e achei muito engraçado este parágrafo. Me remeteu à minha fase da “night”.

“Os cirurgiões então encurtam e modelam dedos e contornos dos pés, esculpindo “peças” capazes de entrar melhor em bicos finos, sandálias abertas e outros sapatinhos-desejo feitos pelas maiores grifes do mundo. Algumas chegaram ao extremo de pedir a retirada do “dedinho” do pé: mesmo com cirurgias anteriores, não conseguiam entrar nos modelos mais estreitos, e acharam que esse dedo tão pequenino poderia ser sacrificado em nome da moda…”

Tudo isso por conta dos sapatos Louboutin.
O próprio produtor dos tais sapatos, não dá muita importância ao conforto não.

Nem eu…

Hoje eu quase não saio de casa. Tem que ser um programa muito legal messsmo. Tipo o show do Paul. Ah esse eu vou! Final do mês. Ingressos devidamente comprados.
Mas quando as meninas eram crianças… Nossa Senhora! Mas eu saía muuuuito.
Quase sempre pra dançar.
Eu tinha, nessa época, uma costureira fantástica. Além de costurar bem pra cacete, ela ia na minha casa, pegava os tecidos, os modelitos, fazia na casa dela, trazia pra provar, e entregava tudo pronto e passado. Existe costureira assim mais não, né?
Ela era meio exclusiva. Só costurava pra algumas pessoas. Dentre elas, eu e as meninas. Eu adorava eu mesma desenhar as roupinhas das meninas. E ela fazia exatamente igual ao que eu tinha na minha cabeça, porque quem conhece meus desenhos, sabe…
Osmarina… Até hoje a gente é amiga. Uma pessoa como poucas…
E todo final de semana eu usava uma roupa nova.
E lóóógico, um sapatinho ou uma sandalinha combinandinho.
Lendo essa coluna, eu me lembrei de uma roupinha que ela fez pra mim. Era uma saia justa midi, nunca gostei de roupa acima dos joelhos, branca, com umas listrinhas beeeem finiiiinhas pretas. Uma camisa branca básica e um blazer xadrez grande, de preto e branco. Chique, né? E ficou linda a roupa!
Aí, eu cismei que queria uma sapato, de cadarço, de VERNIZ preto. Tava na moda. Esse verniz em caixa alta, faz todo o sentido, viu?
Cheguei na loja e vi o danado. E-XA-TA-MEN-TE como eu queria.
O moço da loja já me conhecia. Êta que eu comprava sapato…
– quero esse, nem precisa me mostrar outro.
– mas seu número não é 34?
– é! Por quê? Num vai me dizer que não tem?
– preto, só 33 ou 35. Mas tem o branco.
– traz o 33.
– cê tem certeza! Ele é de verniz! Isso vai te incomodar!
– tem problema não. Pode trazer.
Ele trouxe o preto 33 e o branco 34.
Calcei o preto. Aff!!…. O trem entrou rasgando.
– me dá uma meia fina, que vai melhorar.
Nadaaaa… Meus dedos estavam todos encolhidinhos…
– pode embrulhar. E como eu sou de gêmeos, num sei comprar nada “um”. Eu vou levar o branco também.

Fui pra boate!!! Com a roupa liiinda e o sapato de cadarço, de verniz preto.
Rapázzz!!! Nem te conto…
Dancei lá um bocadinho e o bicho pegou. Mas pegou feeeeio.
Meu dedinho queimava tanto, mas queimava tanto, que eu pensei em fazer que nem as moças aí da história das cirurgias plásticas…. Vou arrancar esses bichinhos…
Ô tristeza! Mas eu segurei a onda, e fiquei com o danado do sapato até o fim da noite.

Ah! Mas que eu fui do jeitinho que eu queria, isso eu fui. Num me arrependo não, sabia?
Eu nunca comprei um Louboutin não, mas o meu sapatinho de cadarço, de verniz preto, esse eu comprei e usei.

Uma vez só, mas usei…

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/cinderela-frankenstein-2841.html