…. Mas Dolly valia muito mais que um saco de mangas…

Dolly era uma cadelinha mestiça de “Dashund pêlo duro”.
Meu irmão trocou com um amigo dele, um saco de mangas pela Dolly….
Mas ela valia muito mais que um saco de mangas!!!
Era muito bonitinha, simpática, e uma capeta!!!!
Tinha o pêlo bem pretinho e brilhava muito. Os olhinhos eram cor de mel.
Meu irmão fazia Veterinária na Universidade Rural do Rio de Janeiro, e Dolly era a “fiel escudeira” dele. E era um trança trança danado com Dolly.
Toda vez que ele vinha de férias pra Brasília, Dolly vinha de avião na frente, e meu irmão vinha depois, de ônibus.

Numa dessas vindas, ela se hospedou na minha casa.
Começou o bafafá no aeroporto.
Fui pegar Dolly na pista.
Dolly fugiu da gaiola não sei como, e disparou a correr na pista feito uma doida.
Foi um sufoco…
Depois de recambiada, levei a danadinha pra minha casa.
Eu morava em apartamento, e descia três vezes ao dia com Dolly, pra passear embaixo do bloco.
E toda noite, quando eu chegava do trabalho, ela vinha rebolando e balançando o rabo de um lado pro outro.
Era uma gracinha!!!!

Eu tinha recém chegado de lua de mel, e trouxe de Bariloche, uns bonequinhos feitos de malha das pernas bem compridas, recheados de alpiste. Eram vááários. Eu os colocava em cima de um móvel no meu quarto. As pernas ficavam penduradas.
Num dos dias de hospedagem, eu cheguei em casa bem mais tarde do trabalho.
Acho que Dolly não gostou nada da solidão…e resolveu se vingar do abandono…
Entrei em casa, e ela não veio me recepcionar. Gritei por ela. Nada…
Olhei embaixo do sofá, não estava. Na cozinha também não, nem no banheiro e nem na área de serviço.
Entro no meu quarto.
Tropecei numa sandália novíssima, sem o salto…
O chão cobeeeerto de alpiste…
Dos bonequinhos, não sobraram nem as pernas, que eram enormes… Era um monte de pedaço de pano espalhado pelo quarto.
– Dolly!!! Você comeu meus bonecos, Dolly??? E o salto da minha sandália novinha??? Cadê você, Dolly?

Puxei Dolly de debaixo da minha cama, com vontade de esganar a cadelinha.
Mas quando eu vi a cara da Dolly…
As orelhas muuuurchas, os olhos pendurados, uma carinha de arrependimento tão grande, que eu desisti.
Varri os alpistes, joguei a sandália no lixo, e fui passear com Dolly embaixo do bloco…
Até meu irmão chegar pra buscá-la, eu cheguei em casa, todos os dias, às seis horas da tarde, em ponto…

Dolly era muito danada, comeu meus bonequinhos, minha sandália, mas nesses últimos dias, não sei porquê, eu ando com uma saudade danada da Dolly!!!

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